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Chegada dos carros autônomos no Brasil. Será?

Colunista fala sobre o futuro automobilístico no país

Não se fala em outra coisa senão carros autônomos, pelo menos fora do Brasil. Várias indústrias estão investindo pesado para essa virada tecnológica, que se estima iniciar já em 2020.
Empresas do setor automotivo como Mercedes-Benz, Volvo, BMW, Toyota, Suzuki, GM, Ford, Jaguar e do setor tecnológico como Uber, Google, Apple e Tesla (definição que ela mesmo faz) estão determinadas a serem players importantes desse novo mercado de carros autônomos.

Fonte: Theconversation.com
Ok, mas para quem nunca ouviu falar nisso, o que é um carro autônomo?
Carro autônomo é um veículo terrestre que pode transportar pessoas ou carga sem a condução de um motorista. Isto é, é um carro que anda sozinho.
E para determinar o grau de autonomia desse tipo de carro, foram criados níveis de automação, segundo o site AutoExpress:
  • Nível 1: refere-se a tecnologias como controle de cruzeiro adaptável, assistência na faixa de rodagem e frenagem autônoma de emergência, onde o motorista e a eletrônica compartilham o controle do veículo;
  • Nível 2: podem assumir o controle total do acelerador, direção e freios em circunstâncias controladas, como dirigir na rodovia ou estacionar. O motorista deve monitorar o sistema e estar pronto para recuperar o controle, caso a eletrônica não consiga lidar com uma situação;
  • Nível 3: esperaria que o motorista reassumisse o controle em emergências, mas o carro na maioria das vezes, controla e dirige em todo o percurso;
  • Nível 4: poderá responder a incidentes de forma independente em todos os casos, caracterizando um nível bem perto do 100% autônomo.
  • Nível 5: o sistema permitiria que um veículo concluísse uma viagem inteiramente por conta própria, em ambientes de autoestrada e cidade, sem a participação do motorista a qualquer momento. Os carros serão conectados sem fio uns aos outros e se comunicarão com a infraestrutura da estrada para tomar decisões sobre o trânsito e os tempos de viagem.
Atualmente, os carros que já atuam no mercado e já circulam nas estradas estão no nível 2, como o Tesla Model S, o BMW 7 Series e o Mercedes S-Class.
O que se espera é que os níveis 3 e 4 já apareçam no final de 2020 ou início de 2021, principalmente em percursos em rodovias. Já o nível 5, 100% autônomo, é esperado por 2025, onde existiria carros em alto nível de segurança e automação.
E para chegar lá, os carros já estão sendo testados há algum tempo. A empresa Waymo, pertencente à Google, já trabalha nesse projeto desde 2009.
Mas não são somente entraves tecnológicos que, de certa forma, tardam a entrada desses carros autônomos no mercado. Há questões legais aí.
A pergunta que mais se repete em torno dessa tecnologia é: E se um carro autônomo matar alguém? Quem é o responsável? A empresa que criou? O dono do carro? O Estado? Quem sofreu o acidente?
Sim, essa pergunta ainda segue sem uma resposta definitiva.
No site da Forbes, o analista sênior de Inteligência Artificial, Ron Schmelzer, fez exatamente essa pergunta e ainda não conseguiu respondê-la.
Baseado em um caso que aconteceu em 18 de março de 2018, onde um carro autônomo de teste da empresa Uber atropelou e matou uma ciclista, no Arizona, EUA, iniciou-se uma discussão e reavaliação de toda essa tecnologia emergente. Mesmo com um motorista de emergência ao volante desse carro, o motorista não viu a ciclista, nem os sensores e câmeras do carro perceberam a tempo de parar. Para aumentar ainda mais a dificuldade, eram 22h e a ciclista atravessou a estrada fora dos locais sinalizados para isso.
Pergunto novamente: Quem é o responsável? Quem é o culpado?
Poderia ser o carro, com seus sensores e câmeras sujos e sua eletrônica não processou toda a situação a tempo para reagir?
Poderia ser o motorista humano de emergência, que estava ao volante, que não viu a ciclista?
Poderia ser a ciclista, que atravessou a rodovia fora da faixa sinalizada?
Poderia ser o Estado do Arizona, que não sinalizou direito a via, onde várias pessoas confirmaram que aquele local é problemático, e que pode ter influenciado na fatalidade?
Pois é, são muitas as questões.
Fonte: readwrite.com
E no Brasil, como seria? 
revista Auto Esporte, ainda em maio desse ano, fez uma matéria sobre uma pesquisa realizada pela KPMG, uma das maiores empresas de auditoria independente. O Resultado: o país é o último lugar no "Índice de Prontidão para o uso de veículos autônomos 2019."
1) Holanda - 25,05 pontos
2) Cingapura - 24,32
3) Noruega - 23,75
4) Estados Unidos - 22,58
5) Suécia - 22,48
6) Finlândia - 22,28
7) Reino Unido - 21,58
8) Alemanha - 21,15
9) Emirados Árabes Unidos - 20,69
10) Japão - 20,53
11) Nova Zelândia - 19,87
12) Canadá - 19,80
13) Coreia do Sul - 19,79
14) Israel - 19,60
15) Austrália - 19,01
16) Áustria - 18,85
17) França - 18,46
18) Espanha - 15,50
19) República Tcheca - 14,46
20) China - 14,41
21) Hungria - 11,99
22) Rússia - 8,55
23) México - 7,73
24) Índia - 6,87
25) Brasil - 6,41
Segundo a pesquisa, os principais entraves do país para estar pronto para os carros autônomos são a falta de infraestrutura, incentivos e pesquisas.
Não tenho dúvidas que essa tecnologia dos carros autônomos está chegando para ficar e revolucionará toda uma indústria em torno dela. Desde seguradoras e oficinas mecânicas (porque a tendência é diminuir em mais de 90% dos acidentes), postos de combustíveis (já que esses carros são todos elétricos), concessionárias (já que cada vez mais estão demandando o USO do carro, não a POSSE dele).
Agora, no Brasil, demandará um esforço maior para se adaptar a essa nova realidade. Será?
Um grande abraço e sucesso.

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