Colunista Cristiano Silveira fala sobre como a tecnologia pode ajudar na saúde
Eu sei que você já fez isso, leitor: já pesquisou no Google sobre algum sintoma que tinha para saber o que poderia ser. Quem nunca? A coluna do Iuri Lammel Marques, sobre o Dr. Google fala exatamente sobre isso e vale dar uma conferida.
Quero aproveitar que o Iuri falou sobre isso para continuar o assunto, trazendo hoje o que a tecnologia já alcançou na área da saúde. E já adianto, você se surpreenderá!
Não é novidade para ninguém que a saúde no país está precisando de muitos cuidados e urgentes. Tem muita coisa para fazer, muitos problemas para resolver. E problemas para resolver são matéria-prima para as startups. Nos últimos anos, muitas empresas inovadoras foram criadas para resolver inúmeros problemas que a área da saúde tem, desde um simples software de fila de atendimento até diagnósticos extremamente complexos.
São as chamadas Health Techs. Empresas de base tecnológica voltadas exclusivamente com soluções para a área da saúde. Como é uma área que está bem aquecida no mundo todo, o mercado de atuação é gigantesco.
Os pesquisadores Steve Swioklo e Che Connon com uma córnea colorida - Universidade Newcastle
Segundo o site Startse, que criou um material bem bacana sobre o uso da tecnologia na área da saúde, um dos setores que tem um crescimento forte foi o Mobile Health, isto é, setor de aplicativos e dispositivos para smartphones e tablets, para uso na saúde, com crescimento superior a 50% por ano, entre os anos 2013 e 2018.
A própria tecnologia da Internet das Coisas (IoT), que já comentei em outro momento aqui nessa coluna de Tecnologia, está sendo bastante empregada, para monitoramento mais completo das condições de um paciente, como leitores de batimento cardíaco, pressão arterial etc., integrando com o Mobile Health.
Outras inovações na área da saúde vêm surgindo conforme a tecnologia avança. Uma dessas tecnologia é a inteligência artificial, que frequentemente escrevo nessa coluna. A empresa Lumiata usa a inteligência artificial para acompanhar a saúde dos pacientes, onde ela tem a capacidade de prever o surgimento de doenças complicações em pacientes. A partir da integração de dados de pacientes (prontuários, exames etc.) com a ciência de dados e médicas, consegue produzir análises mais precisas sobre a saúde dos pacientes.
Outra tecnologia que está sendo bastante empregada na área da saúde é a realidade virtual e a realidade aumentada, principalmente para integrar imagens e exames do paciente com o momento de um procedimento cirúrgico, ou simplesmente analisar os exames com maior nível de detalhamento.
Um avanço tecnológico que está realmente impactando a área da saúde e já está criando uma discussão jurídica e até mesmo religiosa é a criação artificial de órgãos e tecidos humanos. Um exemplo disso foi o lançamento recente de um projeto da Universidade de Newcastle, na Inglaterra. Lá, os cientistas utilizando uma impressora 3D especializada e usando um biomaterial, imprimiram em 10 minutos uma córnea humana.
Segundo o site Tecmundo os cientistas, liderados pelo professor Che Connon, especialista em engenharia de tecidos humanos, combinaram células-tronco de uma córnea saudável a colágeno e alginato (material usado em terapias de regeneração da pele), para tentar reproduzir a córnea humana. O resultado foi um gel que mantém as células-tronco vivas e que ao mesmo tempo tem a textura ideal (suficientemente rígida) para o processo de impressão 3D.
É um avanço científico muito pertinente, com enorme aplicação mundial, já que 10 milhões de pessoas correm o risco de perder a visão por conta de problemas na córnea (é a terceira maior causa de perda de visão, atrás apenas da catarata e do glaucoma). Com isso, surge uma alternativa para diminuir a fila de transplantes de córnea.
Mas óbvio que vários testes ainda serão realizados para autorizar a produção em escala, mas concorda comigo que é um super avanço. Na mesma linha, a empresa Organovo busca criar tecidos humanos para terapias e cirurgias de transplante de órgãos.
Ainda nessa linha de impressão 3D e da realidade aumentada, a empresa BioArchitects criou a primeira prótese customizada impressa em titânio do mundo. Também criou o primeiro BioModelo 3D de um coração para planejamento cirúrgico, e segue também desenvolvendo interfaces com a realidade aumentada para auxiliar os médicos nas cirurgias.
E sobre o setor de diagnósticos avançados, a empresa 23andMe tem revolucionado esse setor com exames muito simples, completos e baratos. Segundo a própria empresa, o processo é muito simples. O cliente pode comprar o kit, coletar o material (que nesse caso é saliva) e enviar para a empresa. Como retorno, a empresa disponibiliza um relatório completo com informações sobre seu DNA, com informações até mesmo de probabilidades de desenvolvimento de doenças crônicas. E você, o que você acha desses avanços da tecnologia na área da saúde?
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida será de 79 anos até 2036 (sendo 4 anos a mais do que vivemos hoje) e isso custará mais caro. No evento Exame Fórum Saúde, no final de 2017, o médico Marcos Ferraz Bosi, presidente do Conselho de Administração do Grupo Fleury, afirmou que quanto mais se envelhece, mais acumulamos doenças, lembrando que a cada 5 indivíduos acima de 65 anos no Brasil, 4 tem uma doença crônica.
Por isso a tecnologia se torna um aliado essencial para a área da saúde, onde as inovações atuam fortemente diminuindo custos, acelerando a realização e aumentando a precisão de diagnósticos complexos, auxiliando desde a formação de médicos e enfermeiros, até no acompanhamento e auxílio em procedimentos cirúrgicos de alta complexidade.
E detalhe: isso está só no começo!
Quer falar mais sobre isso? Me escreve no email contato@cristianosilveira.com ou LinkedIn.
Abraço e sucesso.
Publicado originalmente na coluna Tecnologia do jornal Diário de Santa Maria
Comentários