Colunista conta que grandes empresários dos EUA estão investindo pesado no desenvolvimento da carne in vitro
A pergunta parece meio esquisita, mas é uma brincadeira que está cada vez mais perto de acontecer com o avanço das "carnes de laboratório", ou "carnes in vitro".
Com a proximidade das comemorações da Semana Farroupilha, o churrasco definitivamente é o prato principal no Rio Grande do Sul. Por conta das festividades de setembro, que culmina com o Dia do Gaúcho (20/09), é muito churrasco sendo preparado, não importando a hora do dia ou da noite.
Agora, imagine se para toda essa carne utilizada não precisasse sacrificar nenhum animal?
Pois é, esse é um dos argumentos mais fortes e que está motivando alguns pesquisadores e cientistas espalhados no mundo a desenvolver a carne em laboratório.
Basicamente, a carne in vitro é desenvolvida com o uso de tecnologia de engenharia de tecidos, como explica a engenheira de alimentos, Lilian Brandão neste site.
A forma mais comum utilizada hoje para gerar essa carne de laboratório é a retirada de células tronco das vacas prenhas, o chamado Soro Fetal Bovino. Esse líquido, rico em nutrientes, é colocado em um biorreator onde começa a se proliferar e crescer. A forma mais comum que existe nesse ponto é uma massa de carne, igual a um hambúrguer.
A forma mais comum utilizada hoje para gerar essa carne de laboratório é a retirada de células tronco das vacas prenhas, o chamado Soro Fetal Bovino. Esse líquido, rico em nutrientes, é colocado em um biorreator onde começa a se proliferar e crescer. A forma mais comum que existe nesse ponto é uma massa de carne, igual a um hambúrguer.
O desafio dos cientistas é criar, a partir do laboratório, carnes que sejam semelhantes até na aparência dos cortes que vemos hoje, como cheiro, cor, textura e tamanho.
Claro que ainda faltam muitos testes. Comparando com os alimentos transgênicos que estão no mercado faz tempo, ainda sofrem com a desconfiança e a dificuldade de determinar os efeitos no organismo.
Mas as expectativas são enormes. Tratando-se do mercado bilionário mundial de proteína animal, o mestrando em Ciência e Tecnologia Ambiental, Guilherme Tonial apresenta as principais empresas que estão na corrida para abocanhar esse mercado, como a Beyond Meat, a Memphis Meats, a Impossible Foods e a Super Meat. No seu artigo, Tonial explica o processo de fabricação da carne in vitro em cada uma dessas empresas.
Então caro leitor, até aqui, acredita que a carne in vitro terá futuro?
Parece que essa pergunta já tem resposta. Alguns dos maiores investidores do mundo, como Bill Gates, Google Ventures, Richard Branson (fundador do grupo Virgin) e Kimbal Musk (irmão de Elon Musk) já perceberam essa tendência e estão investindo pesado nisso. O site GQ Brasil mostra que a Memphis Meats já recebeu US$ 17 milhões para o desenvolvimento de suas pesquisas.
Impossible Foods (que desenvolve a carne in vitro utilizando somente plantas), desde 2011, já recebeu o montante de US$ 180 milhões, de acordo com o Crunchbase, que mostra o histórico de investimentos em empresas.
Uma das maiores desvantagens que existe na carne in vitro é o custo de produção. A Memphis Meats, para fazer uma porção de carne de frango, gasta US$ 9 mil. Comparando com a quantidade de frango real, custa US$ 3,22.
Mas também há argumentos bem fortes que sustentam esse investimento todo. Um deles é que, segundo a ONU, em 2030 seremos 8,5 bilhões de pessoas no mundo. É muita gente para alimentar. Outro argumento é que, também segundo a ONU, a pecuária é responsável por 14,5% das emissões de gases do efeito estufa. E outro argumento, que já citei no início dessa coluna, é sobre evitar o sacrifício dos animais.
Em resumo, o impacto dessa mudança será enorme, desde hábitos domésticos como preparar uma carne assada, até para países inteiros que dependem fortemente da carne, como Uruguai e Brasil.
E você, está preparado para essa mudança? E aquele churrasco do final de semana, já imagina como vai ficar?
Abraço e sucesso.
Originalmente publicado na coluna Tecnologia do jornal Diário de Santa Maria
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